Vidas estraçalhadas de tristeza,
Sonhos entregues ao vapor da covardia,
Descaso e incompetência dos falsários
Que são culpados e culpam a sombra do invisível.

O mar da agonia afoga a alma dos inocentes,
Soterra crianças em suas vestes escuras,
Os animais na solidão do obscuro da morte,
O reflexo das perdas na veia da ilusão impura.

Lágrimas ao vento dão combustíveis
À ganância dos donos da estupidez humana,
Ao estupefante segredo que muitos guardam,
Ao vale da bruma que soa a aurora da verdade.

E não pode confessar quais os trilhos que levam
À derradeira culpa medíocre da maldade,
Senão o mistério de sangues dispersos
Cairá à lista da espúria calamidade.

Gritos dilacerantes quebram barreiras,
Rios desandam seus percursos íngremes,
Nos degraus extensos do fundo de si
O eco do recomeço transcende a esperança.

O mar da agonia um dia secará,
Restaurará suas águas tranquilas,
Sua profundeza dos alicerces cicatrizados,
Seu legado de desgraça interrompida,
Do agonizar que deu uma eterna vida.

(Às vítimas de Brumadinho-MG).

Itacoatiara-AM, 26 de janeiro de 2019.

 
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