Quero descansar
Nos versos que nem fiz,
Nos amores que inventei
E no único que sobreviveu.
Quero descansar
Nos planos inacabados,
Nos passos do desconhecido
Para saber que sou diferente.
Quero desenhar cada caminho
E não deixá-lo apagar as origens,
Não deixar secar a fonte
Que complementa o vácuo que sinto.
Quero acariciar a manhã
E na sua pele vazia e esbranquiçada
Mostrar o sentido do que nem sei
E as perguntas feitas ao silêncio.
E no alto fragor do coração
Quero ver o que já vi,
Interpretar o que era enigma
E realizar o que estara no fim.
E no alto esplendor da cicatriz
Quero mostrar o que aprendi,
Mostrar o ego das pedras irracionais
E das angústias, finalmente me despedir,
Como a chuva que se despede das nuvens.
Itacoatiara-AM, 18 de janeiro de 2019.