Toda vez que o sonho me visitar
E estiver vestido com o retalho de outros sonhos,
Com a voz das águas de uma cachoeira seca.

Toda vez que a morte bater em minha porta,
Naquela madrugada em que o silêncio diz:
Eu te amo, encontre-me na próxima parada.

Toda vez que as sombras do dia
Guiarem-me ao abismo do que desconheço
E o que é desconhecido despedaçar-me em um.

Toda vez que os versos que fiz pela primeira vez
Encontrarem saída nos braços do infinito rio
E desaguarem na primeira saída de emergência.

Toda vez que a única chance finalmente acabar
E o pôr do sol der um doce beijo nas ondas da alma
E os planos acharem o seu invisível lar.

Toda vez que a incerteza encontrar seu amor,
Que a chuva perder o seu gosto salgado
E que a inspiração encontrar o outro lado.

Toda vez que a vez não chegar,
Que o fel não puder, por ego, endossar
As palavras que mel ainda não disse.

Toda vez que eu ler o que está escrito
No pedaço daquele céu mais bonito,
Espero arrancar o suspiro de esse curioso olhar.

Itacoatiara-AM, 10 de fevereiro 2019.

 
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