Sou parte de um perdão
Que apenas uma pessoa sabe;
Parte de um erro que se acertou,
E do interior que buscou a verdade.
Sou parte de lágrimas estendidas,
De devaneios surgidos no horizonte;
Parte da realidade que se teve à vida,
Do amanhecer cercado de nuvens quebradas,
Da solidão quase perpétua e incompreendida.
Sou parte da ferida cicatrizada,
Do significado do que é dúvida,
Da prisão que sucumbiu à libertação,
Emboscada da prematura incerteza
Do inconstante ar de inaptidão.
Olhei no fundo dos teus olhos e chorei,
Naquele momento o raio do sol escureceu,
O relâmpago desenhou teu esboço nas trevas,
E na luz, o quadro de tua alegria esquecida
Focava uma nova chance de amar.
No chão estava um giz destrinchado,
O vento soou a canção das lembranças,
O chão vazio logo se encontrava em um quadro
Que ecoava o que a natureza nos deixa de herança.
Itacoatiara-AM, 30 de dezembro de 2018.