Minha voz emudecida
Já não tem forças pra gritar;
Meu olhar distante, com murmúrios
Proibidos, outrora tão enrijecidos,
Já não conseguem se firmar.
E o horizonte sujo e escuro
Já não traz a luz que há no fim,
E nas paredes geladas do quarto,
Em companhia solitária dos ratos,
As feridas internas apodrecem em mim.
O espelho reflete uma caveira sem vida,
Sem expressão, sem dor, sem felicidade.
E as pessoas que tumultuam o ambiente
Nem percebem que nos cantos há alguém,
Mesmo que ocupando um espaço demente.
As falas morosas, olhares carpidos,
Fingem dar atenção à morte que chega.
As sombras aparecem em volta de meu corpo
E uma alma solitária conversa baixinho
A aproximar uma corda, um veneno, um grito.
Nesse momento de espanto, os pulsos cortados,
A vista escurecida, respiração ofegante…
Sinto um anjo triste chorar nas escadas,
E como consolo a dor obscura e desvairada
Traz o silêncio, o vento, aurora pensante.
As mesmas pessoas se desesperam
E a lágrima flutua na derradeira carta.
Agora, com falas de arrependimento
E com dó do destino de minh’alma.
E agora? Há mais algum livramento?