A escadaria do infinito transpassa
O luar escuro do pensamento.
À noite, conecta-me ao instinto,
E seus degraus são as raízes
Obscuras do inócuo sentimento.

Uma árvore esbelta de sensações
Leva-me ao céu estrelado,
E as lágrimas profundas da chuva
Banham-me no oceano que flutua
Sobre o luar do grito amordaçado.

A carne pútrida está descansando
E a alma vaga pela madrugada.
Sem rumo, na melancolia dos raios,
Encontro versões do que já fui,
E as vozes estão em retalhos.

Um frio intenso de agonia,
Tremor que arrepia a pele
Desgastada pelo futuro inexistente.
Em contrapartida, o calor da ilha
Isolada sob o vento, agoniza.

Encontro-me partido em milhões
De possibilidades desgastadas,
Ora presentes na ilusão,
Ora desesperadas, em encontro
Às subcamadas de devastação.

O plano à parte do real
Abriga-me nas horas de loucura,
E nesse momento, sinto-me tão vivo
Quanto a morte que vaga no espelho
De eterna e irrestrita clausura.

 
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