Deito-me não por um só instante, extasiado pelas lamúrias da penugem de meus trapos estilhaçados pelo chão, à mercê de meus demônios tenebrosos, junto aos cacos inertes de meu coração, covarde, concatenando às cinzas seu pudor miserável e triste; e sem a mínima vontade de continuar vivo, esboça-me ao chão como um sinal.
Sinto como suor da agonia, minha sombra agoniada nas paredes do quarto frio e escuro: estilhaçado, esbranquiçado como uma pena branca do pássaro servil, da morte branda que assenta a névoa do espaço.
Sentado à cama, à janela, um leito no horizonte, hórrido, atordoante como o laço confuso da vida, como uma mensagem de um bêbado na fumaça de cigarro; como a esperança da meretriz em ser única em tantos braços.
Sinto-me triste, desconexo, como se fosse feito em migalhas do que não sou. Hei de ser o que desejo? Hei de confortar-me com o que tenho? Hei de aquietar-me diante à pequenez medíocre do comum?
Ah! Tantas dúvidas que fervem no perecer desses pensamentos tórridos. Apenas sinto que ninguém se importa com o que penso, com o que sinto, com o que sonho; apenas querem prender-me em um personagem robotizado, pois não hei de ser condor. Quiçá, sirva como alimento aos abutres.
Mas contento-me em continuar escrevendo qualquer coisa que ouse desafiar quem desafio; qualquer coisa que alimente meu emaranhado de desvarios tênues que descansam diante ao suspirar das estrelas e, em um sopro etéreo e perdido, perde-se ainda mais nos sentimentos.