Eu deixarei que morra em mim
Essa ilusão de preencher tua outra metade,
Essa ilusão de tê-la no pensamento mais puro,
Essa incoerência de vê-la no encanto que invade.
Eu deixarei, mesmo que doa em meu coração
E que eu veja a passos largos tua distância,
De ter a impressão que és única,
De deixar a emoção criar esperança.
Esperança de tê-la a mim, de unir nossas almas
Como se fossem predestinadas na maternidade;
De poder possuí-la como na primeira vez
De modo a nos conectarmos em lealdade.
Eu deixarei que morra em mim
O desejo de amar os teus doces olhos,
O desejo tomado pela triste saudade
A invadir meus mistérios receosos.
Deixarei que teus feitiços não me atinjam,
Que a lembrança dos teus beijos não adoce
Meus lábios um tanto amargos de solidão
Em busca de esquecer o gosto da paixão.
Irás assim a outra dimensão onde não estarei,
Tentará conectar-se a outro alguém,
Mas não encontrará aquele poeta intenso,
Com aquela chama quase que refém…
Apenas lembre-se daquela noite estrelada,
Daquele abraço profundo, daquelas lágrimas
Que derramaste em meus ombros;
Da melodia de nossos corpos na madrugada.
No côncavo e convexo de nossos poros
Senti a energia dos raios do abismo,
E tua voz entorpecida de ternura
Implorava que lhe desse a cura.
Mas ao fim da estação continuo só,
A distância precede o adeus.
Embora seja dolorido e não tenha dó,
Deixar-te-ei partir com um pranto meu…
E assim estarás livre em busca de si!