Sobre os cabelos de Iracema
As águas vêm cantando
A suave luz de algum problema
Que paira sobre os cantos.

Vão passeando lentamente
E encontram-se nas rochas
Que flutuam na enchente
E perdem-se nas rotas.

Com seus pelos macios
Vão sem rumo, chorando,
Com lágrimas nos rios;
Sem brilho nos oceanos.

A chuva vem e traz-lhe paz
Para correr, pular, flutuar.
A tempestade chega, e atrás,
Faz-lhe triste, apenas sonhar.

Deságuo com sua força sensível
E na sua imensidão sem fim
No infinito findo invisível
Que transparece nos braços do marfim.

Vai se desviando da alegria desértica
Para abraçar a maré longínqua
Que oprime o choro do poeta
E a glória afã que está contígua.

Ô, bela Iracema, traz-me inspiração!
Faça-me um ciclo com a natureza,
Faça-me ver a modesta proporção.

Humilde autor de dores fortes
Não se preocupe com a factual negrura,
Porque terás bem mais que minha ternura!

 
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