Acordo sem nem dormir,
Amanheço de madrugada,
Dou passos em falso rir
E encaro curvas da enseada.
Ouço músicas em pausa,
Escuto problemas com atenção,
Falo sem voz, a causa,
E percebo mágoas em vão.
Persigo a voz ao me calar
E o silêncio foge de mim,
Não posso mais parar
De ser diferente até o fim.
Desvio-me da “cultura”
E enraízo meus pobres poemas,
Famintos de uma cura
Nas larvas de um teorema.
Componho melodias
Sem ritmos nem acordes,
Apenas com alegrias
E meus próprios recordes.
Respiro sem oxigênio
E vivo em meu mundo,
Não preciso ser um gênio
Para ser livre num segundo.
Vejo os erros denunciarem
A verdade escondida
Por trás da máscara covarde
E no nó de mentiras floridas…
Itacoatiara, 15 de janeiro de 2018.