Esta manhã nebulosa
Está chorando feito a chuva
E enfeitando bem preciosa
Com ventos, a bruma.
Avisto como prece
Aquele mormaço
Caindo como água
Com gotículas de aço.
Recaem-me sentimentos
E esperanças do dia
Mas como monumentos
De uma nova moradia.
Vai passando lentamente
Feito raios da lua
E caçando meramente
O fracasso que flutua.
Quiçá queira algo
Ou alguém para cantar
Ou alguém mais sensato
Para um oceano plantar.
Vai levando os lamentos
Para o fim do furacão
Ou talvez mais desesperos
Na alma do coração.
Os ventos cessam os prantos
E os vendavais, o clima,
Que vai esfriando o fogo
Da dor que clama por vida.
Quiçá suma com correntezas
E caia na peleja do nada
Ou talvez esqueça tudo
Daquela manhã encantada.